O amor que fiz ou sonhei ter feito.


ESSA NOITE VOCÊ VAI TER QUE SER MINHA.
                                                                 

Sim. Esta noite você vai ter que ser minha, música de Odair José.

Existe algo nas músicas populares que remetem a sedução, ao desejo intenso, vontade de se apaixonar, de se entregar com amor e paixão.

Essa música me remete à sobressaltada transição de minha adolescência para a juventude nos incríveis anos 70.

Nunca fui normal ou talvez fosse, mas eu me sentia um peixe grande demais para o lago de minha vida e, às vezes, um enfeite num aquário qualquer.  

Eu queria tanto que alguém me quisesse na mesma intensidade que sentia de me entregar, quando ouvia essa música. Talvez, um príncipe roqueiro ou alguém parecido com o George Harrison.

Idealizava. Ainda idealizo, um moço cabeludo ou de cabelo sem pentear, magro, sorriso largo, que me olhasse nos olhos, guardasse a guitarra e dissesse: 

Quero ver no seu rosto o meu sorriso alegre.
Então, o sorriso brotaria de nossos lábios... E eu... completamente envolvida... apaixonada mesmo, com o coração batendo forte dentro do peito, responderia quase num soluço: 

Quero esquecer da vida pra viver o amor.
Emocionados, respirando o mesmo ar. Suspirando, como há muito quase ninguém suspira. Aquele suspiro fundo, quase dolorido, de quando o sexo era um acontecimento sagrado, bem antes de se tornar, apenas, mais uma transa com a banal finalidade de diminuir o estresse.
Ao tocar minha pele, por baixo da minha bata branca de rendas, eu desviaria o olhar, tímida e ansiando, silenciosamente. pelo amor.
Falaria, tolamente, que ...
lá fora a chuva tá caindo e não vai parar.

Ele tomaria meu rosto em suas mãos, me encheria de beijos, mordendo meus lábios e, num sussurro, diria: 
Minha vida pode ter fim quando o dia chegar, mas que importa, se hoje, estou com você e te amo tanto.

Eu fecharia sua boca com um roçar de meus lábios e o deixaria livre: Não precisa dizer nada pra não se arrepender, tem certos momentos na vida que o silêncio é melhor.

Um tanto melancólica, pois estava liberando – o dos dias seguintes, os quais eu esperava passar ao seu lado. Olharíamos a chuva caindo.
Nicole! Olhe pra mim. Esqueça que a chuva lá fora ainda não parou. Peça pra que o dia não chegue, pois você me encontrou.

Olho no olho, batimentos igualados, suor escorrendo do desejo, sobrecarregados de amor ofegante, um beijo ávido por entrelaçar corpo e alma, ele, finalmente, diria: 
Essa noite você vai ter que ser minha.

Separando os lábios molhados, facilitando para a retirada da minha blusa e sua camiseta, perdidamente apaixonada, eu gemeria baixo em seus ouvidos:
Esta noite vai ser feita pra nós dois, nem que seja dessa vez e nunca mais, só não quero deixar nada pra depois.

E, começaria o amor.






8 comentários:

  1. Descobri agora seu Blog e estou gostando bastante dos seus textos . Desconhecia esse seu lado, que grata surpresa pra um domingo garoante

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  2. Odair gênio.
    E tem , da viagem, sempre a passagem...kkkkkk

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  3. Então tá, vamos deixar a vida nos levar para outro lugar.
    Kkkkkkk.....

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  4. Belo texto, Nicole. Acho que, de algum modo, todo mundo espera um amor idealizado. Mas o que a vida nos entrega raramente é isso (mas mesmo assim vale muito à pena)

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  5. Que maravilha isso! Lindo de ler e lembrar dos 70, 80 sob essa ótica feminina, noturna, erótica e admiravelmente sedutora.

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  6. Estou maravilhado com os artigos da minha musa das décadas de 70 e 80. Havia perdido o contato. Encontrei-a numa conta do twitter. Estou tão orgulhoso do crescimento intelectual de Nicole, o que mostra que ela não tinha apenas um rosto lindo e um corpo exuberante.

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  7. Boa noite ! Adorei o filme A Noite das Vampiras !

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